Há dias vi uma suposta carta de um cão abandonado pelo seu dono em época de férias. Infelizmente é uma realidade lamentável bem presente na nossa sociedade. Uma carta comovente e que mostra a dedicação, a submissão e o amor de um cão que vê no seu dono, o seu suposto melhor amigo.
Querido dono, faz hoje três dias que te esqueceste de mim aqui amarrado a uma árvore. Espero que esteja tudo bem contigo e que me venhas buscar assim que possas. Está muito calor e eu tenho sede, não bebo nada desde que me trouxeste a passear. Tenho fome também mas já comi umas ervas que sabiam mal. Estou preocupado que te tenha acontecido alguma coisa e que eu aqui preso não te possa salvar! Passou por aqui um esquilo que me disse que tu não te tinhas esquecido de mim mas que me tinhas abandonado de propósito, como tantos donos fazem agora que o Verão começou e querem ir de férias à vontade. Eu rosnei-lhe e disse para se calar! Ele não sabe o que diz! Eu sei que tu eras incapaz de me abandonar... não eras? Eu sei que dava trabalho, que às vezes me portava mal e não aguentava passar um dia sozinho em casa sem ir à rua e acabava por fazer no chão da cozinha. Tu ralhavas muito comigo e até me batidas e embora não tivesse feito por mal eu sei que a culpa era minha. Sei que às vezes estava frio e rasgava eu demorava muito tempo quando me levavas à rua. Sei que quando nasceu o João me passaste a dar menos atenção mas eu não levei a mal, compreendo, ele é teu filho e como se fosse um irmão para mim. Sempre fui um bom irmão para ele, lhe lambi as feridas e o protegido do aspirador mesmo que ele me metesse medo com aquele barulho ensurdecedor. Lembro-me bem de quando era pequeno, que me deixavas aninhar no teu peito e dormir no teu quarto. Que dizias a toda a gente que eu era um cão muito fofinho! Com o tempo foste-te afastando um pouco de mim, mas rua compreendo, estavas cheio de trabalho e chegavas a casa cansado de a querer estar sozinho. Eu tentava brincar contigo para te animar mas tu mandavas-me calar e ir para a minha cama, que agora já era na varanda. Uma vez eu não obedeci e tentei brincar mais contigo, ladrei e tudo para entrares na brincadeira e tu bateste-me. Deste - me um pontapé no focinho com muita força. Doeu-me muito e fiquei meio desorientado... não te guardei rancor, passados cinco minutos estava a pedir - te desculpa e tu não quiseste saber de mim. Só me levaste à rua no dia seguinte e eu aguentei até lá! Fui um bom cão, não fui? Peço desculpa se às vezes fui demasiado irrequieto, se pulei demais quando chegaste a casa e te cravei as unhas nas pernas, mas como um cão meu amigo uma vez me disse "Se quem tu amas entra numa sala de cinco em cinco minutos, deves ir cumprimentá-lo e mostrar de gostas dele da mesma forma eufórica de cada uma dessas vezes". Se me vieres buscar vou-te receber de patas abertas, vou - te lamber a cara vezes sem conta e ser o melhor cão que um dono pode pedir. Por favor não demores muito, ao sei quanto tempo mais consigo aguentar já sinto o frio mesmo com este sol abrasador.
Do teu amigo, Bobby.
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