segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Palavras que poderiam ser minhas


O sonho está à minha frente. Aparentemente sem pressa, espera que eu lhe diga: "não saias de mim", "fica", "agarra as minhas mãos com força", "farei qualquer coisa por ti".
Enquanto espera, pergunto-lhe: "Ficas comigo?". Num tom doce e cordial, devolve-me a pergunta: "Ao que estás disposta para que isso aconteça?" E deixa-me a pensar. E eu reflicto. 
O sonho não fica só porque sim. Só porque lho peço. Quer mais do que isso. Quer que eu seja determinada,  que não tenha dúvidas, que perceba o caminho - por mim própria. Quer que eu não me distraia com mais nada e que, assim, lhe dê a importância e o protagonismo que ele acha que merece. E com justa causa. Porque é isso que ele, efectivamente,  merece.
Nisto, enquanto reflicto,  já distraída com os meus pensamentos,  embrulhada por suposições,  perco a noção dos minutos. E oiço um "a-hum" abrupto, rouco e impaciente que me puxa, de novo, ao lugar onde estou. E é ele. Continua à minha frente. À espera. Mudo. Impaciente. De braços cruzados, a olhar para mim. A contar os segundos. 
E, sem me dar qualquer oportunidade para pronunciar o que quer que seja, atira-me violentamente a pergunta: "Demoras muito a decidir? É que eu já estou atrasado e a começar a ficar impaciente. E aquela rapariga ali ao lado, que tem um sonho igual ao teu, parece-me mais decidida do que tu..."

Palavras deste sonho.

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