sábado, 3 de julho de 2010

Uma ribeira especial?


Está na moda o artificialismo.
Está na moda a natureza extremamente limpa.
Está na moda o perfeito.
Está na moda a incapacidade de perceber a natureza.
Na minha viagem a Londres vi uma situação que já não via há muito tempo, vi aquilo que hoje em dia não se vê mas que tanto faz falta!
Nesta viagem observei uma ribeira que passava no meio de um jardim urbano. Uma ribeira espacial? Não, mas esta ribeira tinha algo que me fez parar e observar com ainda mais atenção. Tinha alguma coisa de estranho? Não, de facto de estranho não tinha nada!
Reparei que ao seu redor pouco ou nada havia de limpo. As folhas caídas, a vegetação por perto, o solo nu não se via e o material orgânico estava em sintonia com aquela ribeira.
Porquê limpar as ribeiras com a mesma exigência que varremos o chão das nossas casas?
Porque é que vemos as ribeiras entubadas com se aquilo fosse algo de muito estranho e que não podemos tocar nem chegar perto?
Aquele fluxo que pouco corre ao nosso lado faz parte de nós. É algo que devemos preservar e não exclui-lo do nosso meio. Por outro lado, é algo que devemos respeitar e não desenvolve-lo somente à nossa maneira sem ter em consideração os ecossistemas que ali vivem.
A ribeira que corre ao nosso lado, é para os seres que ali vivem, o mesmo que o oxigénio é para nós.
Não podemos desrespeitar assim aquilo que não é nosso.
Quando há uma limpeza excessiva destas ribeiras estamos a criar um desequilíbrio ambiental, estamos a exclui-las da paisagem que a envolve, estamos a quebrar a permuta ribeira-terra. Isto trás como consequências a ausência de alimentos para alguns peixes, a protecção da própria ribeira fica em risco, assim como as espécies que utilizam as plantas ripárias como alimento e casa ficam ameaçadas.

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