Mete medo

Entre as medidas de consolidação orçamental, as famílias pagam 6259 milhões de euros com cortes no rendimento ou agravamento de impostos; o Estado paga 3255 milhões de euros; e as empresas 655 milhões de euros. O que muda em Portugal no próximo ano.

É assim a capa do jornal Público de hoje.
Assusta-me a crise que Portugal está a atravessar, assusta-me pela minha família, por mim, pelos meus amigos, pela geração futura que, mais que nós, irão sofrer com todos estes cortes sem beneficiarem de nada. Irão sofrer porque não se soube gerir as receitas criadas, não se soube gerir aquilo que se tinha, porque não se soube gastar olhando para os custos e benefícios, porque não se soube respeitar aqueles que mais contribuem para os cofres do estado, o povo.
Agora, quem vai pagar todo aquele desrespeito, toda aquela desordem económica?
Todos nós sabemos quem vai pagar, quem vai sofrer na pele todos estes cortes. A angustia de conseguir chegar ao final do mês apenas com as contas pagas e com alguma comida no frigorífico só vai ser sentida por alguns, vai ser sentida por aqueles que sempre pagaram as contas que deviam, que sempre pagaram os seus impostos e que sempre trabalharam para ter uma vida digna.

Hoje em dia, chegar ao final do mês com as contas pagas e alguma comida no frigorífico já não é viver mal, já nos podemos dar por contentes se isso acontecer.
Não importa se conseguimos juntar algum pé de meia, o que interessa é que o dinheiro dê até ao final do mês.

Que sociedade estamos hoje nós a criar?
Sinto que não só o viver esta realidade, mas quanto mais tento perceber esta situação, quanto mais teento compreender a situação de Portugal, mais raiva me salta na pele, mais indignada com o meu país fico, mais vontade de sair dele tenho. Não o cria fazer, sair é abandonar, é desacreditar, mas com a situação que atravessa, com a desigualdade que tende a piorar, com a continuação do desrespeito que há pelo povo, que motivação há para continuar?