Há tempos ouvi um artista, penso que foi Miguel Araújo, dizer que a partir do momentos que deixa sair a música do armário e a torna pública, a música deixa de ser dele para ser de todos os seus ouvintes. Quando ouvi este afirmação, este pensamento, não entendi o seu significado pois, por mais que a música desse voltas e voltas ao mundo, o que não é pouco, na minha opinião, a música seria sempre dele, pois foi ele que a fez nascer, deu à luz, e fez com que ela crescesse. Mas a música é como os filhos. No início da sua vida, quando estamos a ajuda-los a crescer, a desenvolver as suas defesas, os filhos são de quem os fez. Quando se tornam adultos, os filhos deixam de ser dos pais para começar a ser do mundo. Assim é a música.
Interpreto-a como quero, oiço-a quando quero e dou-lhe um toque personalizado, que pode não ser o mais bonito e o mais afinado, mas naquele momento a música passa a ser minha, passa a fazer parte do meu momento.
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