terça-feira, 8 de julho de 2014

O que me faz falta

Manter uma casa que tem um horário das 07:00 às 22:00h, tendo uma folga semanal (ao Domingo), não é tarefa fácil. Levantar às 06:00h, sair de casa às 06:30 e estar pronta para abrir às 06:50 (porque há uma cliente que aparece a essa hora) é coisa que custa, aliás, não posso pensar muito sobre isso porque eu acho se o fizer, desisto e não saiu da cama. Sem fechar à hora de almoço, o que faz com que não tenha esta refeição descansada, quando fecho, raramente consigo sair daqui antes das 22:15h.
Para além disso, o facto de estar fechada ao Domingo, não significa que esteja sem fazer nada nesse dia. Todos os dias, mesmo no dia de folga, tenho que vir ao café, mais não seja ter que vir ligar a máquina do café que, de Sábado para Domingo, fica desligada.
Perante esta excessiva carga horária, o apoio da família é fundamental para o meu equilíbrio físico e mental. São eles que ficam cá quando tenho de me ausentar para ir às compras, para ir a Castelo Branco ou a casamentos, para ir ao ginásio... enfim, para sair um pouco daqui.

Sou nova demais para me prender desta forma a um trabalho, e cada vez mais sinto necessidade e prazer em estar com outras pessoas, de sair daqui mesmo. Sinto que é cada vez mais importante relacionar-me com outras realidades, outras vidas, conhecer novas pessoas, novos hábitos, de falar e ouvir temas que, no meu dia-a-dia, não passam por mim.
Nestes dias tive a sorte de "escapar" destas paredes. Não quer dizer que não goste, mas, mesmo gostando, não deixa de ser uma prisão. 
No fim-de-semana fui a Castelo Branco. Ontem fui sentir a noite de Lisboa ao sabor de companhia diferente. Muitas gargalhadas, muitas histórias novas, momentos que me fizeram sentir que existe vida, muito para além do Café. Ontem senti que não devo, nem posso, deixar a minha vida para segundo plano. Tem que ser igualmente importante, tem que se conciliar com a vida do café. Ontem senti que estes momentos fazem-me mais falta do que eu pensava.
Ontem senti uma felicidade que não sentia há muito tempo. 
A ida a Castelo Branco e a ida a Lisboa fizeram-me repensar no rumo que estava a dar à minha vida.


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