Não está ao nosso alcance tornarmo-nos mestres e detentores da felicidade. Rousseau explica-a na perfeição, mostrando que o homem é um ser incompleto, incapaz de se bastar a si próprio, e que precisa dos outros para atingir a plenitude. Assim, porque a felicidade é indissociável da relação como o outro, o indivíduo encontra-se inevitavelmente condenado às decepções e às magoas da vida. O homem é um ser relacional, vive com os outros, e depende dos outros para ser feliz. Quando alguém nos magoa, quando os filhos nos dão motivos de preocupação, quando sofremos um desgosto de amor, podemos ter um belo carro e viver numa casa sumptuosa, mas isso não evita que nos sintamos infelizes. A felicidade não se encontra mecanicamente ligada à posse de coisas. Não podemos ser donos da felicidade porque somos demasiado dependentes dos outros e não dispomos deles. Logo, é preciso reconhecer que a felicidade chega e parte quando entende e não quando eu quero. É por isso que o homem não pode aspirar a encontrar esse felicidade perfeita, como ensinam os mestres em espiritualidade.
Somos seres finitos e não podemos aspirar a mais do que - na expressão de Rousseau - uma "frágil felicidade". Momentos de felicidade e não uma vida de plenitude.
Palavras de Gilles Lipovetsky em "O Ambiente na Encruzilhada: Por um futuro sustentável".
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