Há dias fiquei perturbada com alguns testemunhos de participantes da grande reportagem que passou no canal da RTP 1. A reportagem chamava-se "Exército invisível" e contava a histórias das inúmeras pessoas que saem para os seus trabalhos no momento em que Portugal ainda está a dormir.
Se muitas pessoas levantam-se cedo para acabar o trabalho às 9h, outras têm o seu horário no período nocturno. Muitas delas são obrigadas a apanhar três e quatro transportes para no final do mês terem, não mais, que o ordenado mínimo, sendo que 60€ fica apenas para pagar o passe de transportes públicos.
Num desses casos aparecia uma mulher que tinha dois filhos onde, um trabalha nos cinemas, e outro no Pingo Doce. Por os empregos dos filhos serem empregos instáveis, eram pessoas que ainda estavam a viver em sua casa não podendo a senhora contar com a segurança dos seus trabalhos, apenas com a segurança do seu emprego.
Outro testemunho era de uma senhora que tinha dois filhos e dois trabalhos. Mesmo com este esforço, teve que dizer ao filho que não lhe conseguia pagar as propinas da Universidade. Que se quisesse continuar os estudos teria que arranjar um trabalho.
Com estes testemunhos, fiquei horrorizada. Como é que é possível haver situações em que uma mãe que se esforçar todos os dias para dar o melhor aos seus filhos, quando chega o momento em que estes querem ir para a Universidade, é obrigada a negar-lhes isso porque não há dinheiro. Como é que estas realidades existem nos dias de hoje, como é que um estado deixa que isso aconteça?
Se por um lado fiquei aliviada por ter tido a sorte de ter vindo parar a uma família que me pôde oferecer essa oportunidade, por outro fiquei desiludida por haver estes casos de pessoas que trabalham de noite a noite e nem uma formação académica conseguem pagar aos seus filhos porque realmente o ordenado que recebem não lhes chega para isso.
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