Estou a três dias de voltar para Portugal, a três dias de terminar a minha estadia em terras suecas.
Estes últimos dias passaram rápido, talvez por estar entretida com as festas de Natal, ou por o trabalho final e o portefólio terem ocupado a minha cabeça, o que certo é que só falta três dias.
O frio aperta, já deixo em casa as luvas banais para dar lugar às luvas que uso quando vou para a neve. O sal já é colocado nos caminhos e estradas apesar da neve ainda não dar de si. Estão dois graus lá fora, mas dentro de casa está quentinho, muito quentinho.
O que deixo e o que levo já começam a fazer parte dos pensamentos do dia-a-dia.
Muita coisa aprendi nestes quatro meses de aventura, muito stress, mas os momentos calmos também tiveram o seu tempo.
Foi uma valente experiência tanto pessoal como profissional que intensivo a quem poder de a viver. Um sair da realidade e dos métodos que estamos habituados a trabalhar, para dar lugar a novas pessoas, novos ensinos, novas maneiras de ver o ensino em Arquitectura Paisagista, novos caminhos a seguir, e novo clima onde as prioridade de trabalho são bastante diferentes.
Adorei ver, e tentar compreender, o porquê dos hábitos dos suecos, o observar das relações que estes têm não só familiares mas também com o seu meio. São pessoas bastante civilizadas, atenciosas e respeitadoras. Exemplificando isto posso contar três episódios que me aconteceram:
Há uns dias quando usei a sala dos computadores até por volta das 15h, pois tinha aula a seguir, deixei ficar a minha pen, de 8GB e bem bonita, num dos computadores. Só dei por falta dela às 22h desse dia. Quando peguei na bicicleta para ir buscá-la à Universidade senti que a iria recuperar ao mesmo tempo pensava que aquela viajem iria ser feita em vão. Não foi porque a minha pen lá estava, no mesmo sitio onde tinha esquecido.
O segundo episódio foi no supermercado quando me esqueci do meu pacote de pastilhas que tinha comprado em cima da passadeira onde a senhora coloca os produtos já registados. Foi o tempo de eu me deslocar aos correios, a 5 metros dali, para uma mulher chegar ao pé de mim com o dito pacote.
O terceiro episódio foi novamente no supermercado onde me esqueci das luvas. Ouvi chamar mas em sueco não percebo, até que dei por mim a olhar para um rapaz com as minhas luvas na sua mão. Fiquei com ar de parva a olhar para ele.
Tudo por esquecimento da minha parte mas que em nenhuma situação fiquei prejudicada.
Pequenas situações, pequenos gestos que vou sentir falta em Portugal.
Para além disso, vou sentir falta da bicicleta. Um transporte que adorei tê-lo aqui, ao qual não me importava nada continuar a tê-lo em Portugal. Mas devido à falta de vias próprias, devido ao declive de algumas localidade e devido ao transito perigoso, penso que seja um pensamento e uma vontade para deixar de lado, pelo menos por enquanto. Mas durante estes meses o andar de bicicleta foi algo que não aprendi a gostar, mas sim, algo que aumentou o meu gosto e o prazer em andar de bicicleta. Não se precisas de dinheiro para andar com ela, pode-se observar e sentir a paisagem que nos rodeia, ao mesmo tempo que a duração da viagem é mais reduzida.
Irei ainda sentir a falta da paisagem e da sua constante presença no nosso quotidiano podendo observar as suas mudanças ao longo do ano. Do barulho das folhas ao baterem umas nas outras ao ritmo do vento, a linha da estrutura das árvores no horizonte e a mudança, mudança da própria paisagem que me cativou.
Está perto do fim, mas antes que chegue o fim, amanhã de manhã tenho a última apresentação aqui na Suécia. Irei defender a paisagem da Ilha dos Açores.
Ainda não estou nervosa. Mas com certeza que esta será uma noite difícil de passar!
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