"E a namorada?" Alguém vai-me perguntar. Aí vou sorrir e responder: "Estou solteiro!". E logo depois vem aquela cara de : "nossa, coitadinho", quando ao meu ver era a hora certa da pessoa me abraçar e pularmos gritando "Parabéns Campeão!" Sabe, realmente não entendo essas pessoas que colocam o facto de encontrar uma pessoa como sendo um dos objectivos primordiais da vida. Como se a ordem natural fosse: nascer, crescer, conhecer alguém e morrer. A meu ver, não é assim. As pessoas se dizem solteiras como quem diz que está com uma doença grave, alguém que precise de ajuda. Não é nada disso. Existe sim vida na "solteridão"! E das boas. E isso não quer dizer farra, putaria, poligamia ou promiscuidade. Aliás, quer dizer sim, mas só quando você tiver afim. No mais quer dizer liberdade, paz de espírito, intensidade. E olha que escrevo isso com algum conhecimento de causa, já que tenho vários anos de namoro no currículo. De verdade, do fundo do coração, eu estou muito bem solteiro. Acho até que melhor que antes. Gosto de acordar pela manhã sem saber como vai terminar meu dia. Gosto da sensação do inesperado, da falta de rotina e de não ter que dar satisfação. Gosto de poder dizer sim quando meu amigo me liga na Quinta-feira perguntando se quero viajar com ele na manhã seguinte. De chegar em casa com o Sol nascendo. De não chegar em casa às vezes. De conhecer gente nova todos os dias. De não ter que fazer nada por obrigação. De viver sem angústia, sem ciúme, sem desconfiança. De viver. Acredito que todo mundo precisa passar por essa fase na vida. Intensamente inclusive. Sabe, entendo que talvez essa não seja a sua praia. Ou talvez você nunca vá saber se é. Eu mesmo não sabia que era a minha, e veja só você, hoje sou surfista profissional. O que percebo são pessoas abraçando seus relacionamentos como quem segura uma bóia em um naufrágio. Como se aquela fosse sua última chance de sobrevivência. Eu não quero uma vida assim. Nessa hora talvez você queira me perguntar: "Mas e aí? Vai ficar solteirão para sempre? Vai ser assim até quando?" E eu vou te responder com a maior naturalidade do mundo: "Vai ser assim até quando eu quiser". Quando encontrar alguém que seja maior que tudo isso, ou talvez alguém que consiga me acompanhar. (...) A verdade é que só você mesmo pode preencher o seu vazio, e colocar essa missão nas mãos de outra pessoa e pedir para ser feliz. Conheço sim vários casais incríveis, assim como tantos outros que não enxergam que estão se matando pouco a pouco. Só peço que não deixem que o medo da solidão faça com que a tristeza pareça algo suportável. Viver sozinho no início pode parecer desesperador, mas de tanto nadar contra a maré, um dia você aprende a surfar. E te digo que quando esse dia chegar, você nunca mais vai se contentar em ficar na areia. Desse dia em diante só vai servir ter alguém ao seu lado se este estiver disposto a entrar na água com você.
Texto retirado daqui.
Quando li este texto, senti que me poderia encaixar em diversos frases que o seu autor escreveu, concordei com uns pontos, discordei de outros e tomei conhecimento de outras perspectivas de encarar a vida de solteiro.
No meu ponto de vista, penso que a vida é sempre mais rica quando se tem alguém do qual gostamos ao nosso lado. O facto de podermos ter a nosso lado uma pessoa que nos compreende, conhece, acompanha-nos para as aventuras e desventuras, é algo mais feliz, acolhedor, gratificante e mais simples do que não ter esse alguém. Nesse caso acabarmos por nos aventurar sozinhos.
Por outro lado, reconheço que aquilo que vivi, conheci, me aventurei e no qual ainda vivo e continuarei a viver (pelo menos a curto prazo), não o poderia fazer se tivesse com uma pessoa, porque se a tivesse, de uma forma instintiva, acabaria por me prender, agarrar a um lugar e a uma forma de olhar a vida.
Neste momento estou com um modo de vida muito limitada, estou bastante presa ao meu local de trabalho. Não me impede de ter alguém mas cria barreiras, inevitavelmente, o que de certa forma afecta-me porque sou nova e numa bela idade para viajar, divertir-me como se não houvesse amanhã e começar a ser independente. Neste momento, não me arrisco a pensa muito nisso porque neste momento estou presa aos meus 21m2 de loja.
Gostei deste texto porque mostrou-me que realmente andar à procura e andar preocupada em encontrar alguém não deve, e não pode ser, uma prioridade na nossa vida. Há coisas que faço, os programas que realizo e as decisões que tomo, muitas delas, são de todo incompatíveis com a existência de um namorado a meu lado.
Por isso, concordo com o autor do texto. porque sabe bem as decisões tomadas sem ter que dar justificações, sem ter que pensar no outro e de agir em conformidade com o que me apetece fazer no momento, seguindo obviamente os meus princípios.