- Vens de Lisboa?
- Estudaste cá, presumo.
- Porquê Castelo Branco?
- Bom, se vieste para cá tens aqui o que te prenda, de certeza. - Não? - Não acredito!
Uma das coisas que tenho vindo a aperceber-me desde que estou a viver em Castelo Branco é que, quem estuda no politécnico, muitos dos estudantes querem permanecer na cidade. Foi o que aconteceu com o rapaz que conheci no local onde estou a trabalhar. Estudou aqui, e por aqui ficou.
Muitos são aqueles que ficam admirados quando digo: "Sou de Lisboa, estudei em Évora, e vim para Castelo Branco porque quis, quero viver em Castelo Branco por vontade própria, por desejo, sem qualquer outro motivo escondido entre linhas e pensamentos". Quando digo isto, o resultado é "não acredito!", "não sabia que este tipo de atitudes existia".
É bom ver este tipo de reacções, de fazer sentir de que correr atrás de um sonho ainda existe no meio de uma sociedade cada vez mais normatizada, onde a deslocação das pessoas ronda, muitas vezes, por motivos económicos e por uma maior oferta de trabalho.
Vim de Lisboa, uma cidade grande, com maior oferta de trabalho e onde poderia estar perto da minha família e amigos. Vim para Castelo Branco porque desde que me conheço como pessoa tenho um grande fascínio por esta cidade. Não vim para Castelo Branco porque tinha cá família, porque tinha trabalho ou porque tinha o namorado. Não. Vim porque sempre foi um sonho, não gosto de cidades grandes e porque estou muito perto da aldeia que me viu (e vê) crescer.
Posso dizer que sou uma pessoa cheia de sorte, fui estudar para a cidade que quis e arranjei trabalho na cidade que sempre desejei.
"Eu estou aqui porque eu quero, não tenho namorado, não tenho cunhas, estou aqui porque eu sempre sonhei isto!" É este tipo de caminhos, orientações e fins conseguidos que eu noto que as pessoas não estão habituadas a ouvir. Faz-lhes confusão.
A crise tira os sonhos às pessoas. Corta-lhes os pés, a vontade de ir à luta.
Na minha vida tracei um caminho, consegui vencer as dificuldades sem desviar trajectória, mas para mim a caminhada ainda vai a meio!