Se dissesse que as coisas neste país estão boa e recomendáveis estaria a mentir, ou a fugir muito da realidade em que vivemos. As coisas não estão bem para os jovens, para os menos jovens, ou para famílias que até há bem pouco tempo estavam economicamente estáveis.
Pessoas formadas não têm trabalho, pessoas com menos qualificações também não têm trabalho e o futuro não parece ser de melhorias. Há um futuro hipotecado em Portugal.
Tudo isto é um facto real e triste.
Neste momento, felizmente, tenho trabalho. Batalhei, arrisquei, e neste momento posso dizer que estou a ter sucesso no negócio que montei.
Antes deste arranque, posso dizer que procurei, e procurei, e voltei a procurar trabalho que não encontrei. Ora porque tinha um part-time, ora porque não havia mesmo. O que é certo é que já passei por "jovem que quer trabalhar mas não tem trabalho". Obviamente que quando digo que procurei, não houve muita selecção, tudo o que viesse era bem-vindo.
Desde que estou no café, oiço muitas histórias. Mas há histórias que realmente não entendo no qual, por vezes, me pergunto "será que sou eu que não estou a ver bem as coisas? será que sou um animal fora de série?" Jovens desempregados que me respondem quando lhes digo para enviarem currículo para Call Centers, "Não tenho feitio para isso".
Bom, pensando nesta resposta... E olhando para mim... Eu também não tenho feitio para isso, mas o que é certo é que já trabalhei num Call Center e, quando a experiência terminou, concluí que de facto não tenho feitio mesmo. Mas o que é certo é que tentei. Durante os 5 meses que trabalhei em Call Center tive em vendas e fui despedida por fazer poucas vendas, mas ao menos, fui e tentei. Durante 5 meses recebi um ordenado que me deu para pagar despesas e juntar mais algum. Foi um tempo, difícil a nível psicológico mas, em contrapartida, minimamente confortável a nível financeiro. E por isso valeu a pena. Agora jovens que me respondem "não tenho feitio" sem nunca tentarem, desculpem lá meus amigos, mas é porque não precisam mesmo. Porque se precisassem iam lá luta como eu fui, aguentavam qualquer coisa como eu aguentei.
É por estas e por outras que tenho que dar a mão à palmatória e dizer que há pessoas que, mesmo estando desempregadas, mesmos estando a viver numa realidade difícil, pura e simplesmente, não querem trabalhar.