Este fim-de-semana foi um fim-de-semana diferente. Para além de ter sido mais longo, foi passado na cidade dos meus olhos, Castelo Branco.
O tempo não estava bom, mas também podia ter sido pior, como ter chovido todo o Santo dia de Sábado. Como tal não aconteceu, deu para recordar as ruas que durante 2 anos da minha vida percorria diariamente. Deu para ir ao meu antigo trabalho e visitar quem está de partida para o estrangeiro, deu para ir à papelaria que era habitual e quase que deu para ir ao café que ia aos fins-de-semana. Não deu para ir a esse café mas deu para ir a outro, conhecido pelos seus deliciosos bolos e que se tornou visita assídua cada vez que vou a Castelo Branco.
Para tornar a visita um pouco mais cultural fui visitar a exposição que está até dia 5 de Abril deste ano no Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco.
Apresenta-se com o nome Planet Ferrovia Sector IV Via Lusitânea e é da autoria do artista plástico espanhol Viktor Ferrando. É uma exposição composta por esculturas de grandes dimensões onde, na sua maioria, são compostas por materiais ferroviários fora de circulação.
Para mim é uma exposição que trata da triste realidade quando juntamos tecnologias, ser humano, meio ambiente e futuro. É uma exposição pesada, tanto a nível dos materiais utilizados, que nos transmitem uma sensação de peso na consciência, como da sua mensagem.
Dos cenários vistos, tanto a mensagem como de imagem, o meu favorito foi este que se segue no qual transcrevo o texto fornecido:
Specters In Oxia Palus
(The Chaotic terrain)
A provável colonização do Planeta Marte, tido como o princípio da humanização do espaço, é uma realidade hipotética que fascina, desde o uso da razão, o escultor Viktor Ferrando.
Gerador de especulações, mas também motivador de estudos sérios sobre a construção de colónias sobre a superfície marciana, este Planeta é o de mais fácil alcance a partir da Terra e, em muitos aspectos, o mais parecido com ela.
Este facto, assim como certas similaridades com a Terra, motivaram Viktor Ferrando a construir uma instalação dedicada à colonização do Planeta Vermelho.
Viktor Ferrando parte de um raciocínio que dá como certo: Se a humanidade não se autodestruir primeiro, a colonização de Marte será uma realidade.
E, então, com grande probabilidade, acontecerá "o princípio do aniquilamento de outro planeta que vivia em paz no Sistema Solar".
Que será valido o empenho, o invento, "a nossa corrida" para dominar o Planeta da Guerra?
Nesta instalação, a Humanidade desliza como uma legião de espectros flutuantes através da caótica superfície da região da Oxia Palus, em Marte.
Algumas das crateras, semelhantes a pegadas, foram dedicadas a importantes nomes da Arte e da Ciência, como Leonardo Da Vinci, Galileu e Marie Curie, entre outros.
Para Viktor Ferrando os nomes associados a essas crateras "são um símbolo de esperança", que o conduz no sonho de que "talvez a colonização se produza quando a raça humana tenha alcançado um estado de sabedoria e respeito absoluto pela natureza".
Como Castelo Branco não se resume apenas à cidade em si, fui até a uma aldeia (que não me lembro o nome) no qual tive contacto de como se vive no Inverno nestas localidades como vez mais isolados e cada vez mais ausentes de jovens.
Esta notava-se que tem uma praia fluvial que presumo que seja a grande atracção na época de grande calor. Notou-se que o dono do único café da aldeia (situado perto da praia) ficou contente por saber que iria haver obras nalguma casa, pois significava alguns cafés e minis vendidas nessa altura.
Por outro lado, gostei das cores que a própria paisagem tem nesta época do ano. Gosto de ver a mutação que a natureza sofre e se faz adaptar às estações do ano. Tudo parece tão bucólico, tão calmo, tão isolado no seu próprio mundo, na sua própria vida.
Já de noite, tive uma boa notícia, um bar em Castelo Branco expandiu-se. É bom saber de novidades quando se trata da expansão de negócios, de ideias, de cultura. É bom saber que ainda há motivação por parte das pessoas em oferecer novos espaços à população desta cidade.
Para a despedida, fica as cores da paisagem que eu deixei para trás.