Vai começar um novo ano e por isso, pedi como de costume ao Pai Natal, uma agenda. Mas uma senhora agenda, não uma agenda que se compre no chinoca ou algo parecido.
Como adorei a minha deste ano, a agenda do Fernando Pessoa, esta tarefa não foi fácil.
Mas ora que conseguiram.
Eis a capa:
Como adorei a minha deste ano, a agenda do Fernando Pessoa, esta tarefa não foi fácil.
Mas ora que conseguiram.
Eis a capa:
Bem, à primeira vista tudo nos parece estranho. O meu primeiro pensamento foi: "será que durante um ano vou estar a fazer publicidade a uma drogaria ou ferragens ou bricolage?!"
Continuei a desfolhar até que me deparo com este texto:
"O desconcerto do mundo começa pelo que vai ficando por consertar. Uma torneira que pinga, uma porta que descai, uma gaveta que empena. Há os desconcertos tranquilos, com os quais podemos conviver meses inteiros sem perder horas de sono, e há os outros, mais agudos, que nos desarrumam as ideias e contribuem devagarinho para o nosso desconcerto interior, o mais terrível de todos, para o qual não há parafusos, arrebites, bananas ou batoques que nos valham.
O problema é que manter o mundo a funcionar dá trabalho.
O problema é que manter o mundo num brinquinho é só para alguns.
Consertar o mundo implica o domínio de certas técnicas e palavras que, aos poucos, desconfiamos nós, estão a cair no esquecimento.
É aqui que entramos em pânico e nos pomos a pensar: e se, de repente, desaparecerem os Akis e os Izzis deste mundo, aqueles onde se vendem as soluções já prontas, a massa A misturada com o preparado B?
E se de repente o único jeitoso que conhecemos deixar de nos valer?
Quem fará disparar o autoclismo avariado? Quem será capaz de travar mesas bambas ou destravar gavetas empenadas? Quem?
Digam-nos, quem?
Pois é, custa, mas já vai sendo altura. Altura de crescer e acabar com a desordem. Porque acreditamos na autonomia e no potencial de cada um é que vemos o futuro em lojas como a Rufino & Filhos.
Na Rufino & Filhos, há sempre um empregado perspicaz atrás do balcão que adivinha o que procuramos, sem precisar de ouvir até ao fim o nosso pedido envergonhado. Ainda a frase vai a meio e já o filho do Sr. Rufino a completa com um sorriso benevolente: "catrabucha, menina, uma catrabucha resolve isso".
Mas desengane-se quem pense que catrabucha há só uma. Há as catrabuchas tipo pincel, as catrabuchas tipo taça, as cónicas, as entrançadas e as que combinam na mesma peça duas destas características. Um tratado, portanto.
Mas atrás do balcão há quem saiba, há quem explique e há quem ensine.
Em lojas como a Rufino & Filhos não há segredos e todos os problemas têm solução. E isso agrada-nos. Porque mesmo que a solução não seja directa (meu Deus, como estamos mal habituados...), há, digamos, soluções para criar uma solução. O que podemos, então, querer mais do que uma Rufino & Filhos à nossa porta?
Quando vos disserem que a solução para os problemas do mundo está nas mãos de Ban Ki-moon ou de Barack Obama, sorriam... mas não acreditem.
A solução para os problemas do mundo está, sim, nas vossas humildes mas jeitosas mãos. Porque, se cada um cuidar da sua torneira, da sua pia, da sua porta, o mundo será certamente um lugar melhor.
Em 2010, não vale deitar fora, o que está a dar é consertar. Por isso, concentrem-se e consertem. (E aprendam, que o Sr. Rufino não dura sempre...)"
Sendo assim, as soluções para o meu dia-a-dia estarão sempre neste caderninho mágico que é o Rufino & Filhos.
Para todos os leitores deste meu cantinho desejo que tenham umas boas entradas e um óptimo 2010.
E que junto a vocês encontrem sempre uma loja Rufino & Filhos!
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