domingo, 18 de março de 2012

Passos na terra


Passo a passo percorro as ruas, irregulares, de pedra e de calor na terra que me viu crescer.
Em cada passo que dou sinto a história vivida, o movimento passado e o envelhecer da terra que me viu crescer.
Se antes vinha aqui passar as temporadas das férias e onde encontrava, com toda a certeza, muita gente da minha idade e muita animação, hoje, e por morar perto, venho com mais frequência nas épocas baixas onde, com toda a certamente, não irei encontrar ninguém, muito menos gente da minha idade. Encontro sim, um realidade que, apesar de ler e ver em entrevistas, desconhecia na verdade.
A aldeia que me viu crescer, onde passei a melhor fase da minha adolescência, está envelhecida, não tem pessoas jovens, apenas tem velhos. A minha aldeia, segundo o jornal Sol, é a freguesia mais envelhecida da Beira Baixa, e isso confirmei este fim-de-semana.
O movimento é pouco, a agitação que o povo faz apenas é sentida em alguns cafés e os jovens não se vêem.
É triste ver este cenário, um morrer a olhos vistos, ao qual sinto-me impotente para impedir que a minha aldeia caia no manto que cobre muitos outros lugares perdidos nas paisagens de Portugal.
As tradições perdem-se, as casas ficam vazias e tudo isso passa a ser história, passa a ser um lugar de passagem e não de permanência.
Vendo esta realidade, tenho medo do futuro, tenho medo daquilo que poderá vir a ser a terra que me viu crescer. 
Não me importava de viver na minha aldeia. Aquilo que me impede de o fazer é a solidão, nada mais!

Sem comentários: