domingo, 30 de setembro de 2012

A realidade da arquitectura e do arquitecto


Quase que não vejo outra coisa que obras minhas destruídas.

Esta frase citada pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, captou a minha atenção quando lia uma das revistas da Visão. 
Surpreendeu-me ao mesmo tempo que senti como "não novidade".
Entristeceu-me ao mesmo tempo que "era de esperar que isso acontecesse".
Será a crise? Falta de cultura? Falta de interesse? Ou mesmo desleixe?
Obras como o Pavilhão de Portugal, em Lisboa, e a Casa de Chá, em Matosinhos, estão à mercê do tempo, à espera de dias melhores ou apenas à espera que uma alma rara e inteligente pegue naqueles espaços e os faça rentabilizar. Sem iniciativa, vontade e sem um pouco de poder, a coisa fica como está, parada.
O Pavilhão está fechado. Foi construído inicialmente para representar o Pavilhão de Portugal na Expo'98 e mais tarde para poder acolher escritórios ou inventos culturais. Nunca para se encontrar de portas fechadas por tempo indeterminado. 
Entristece não só ao arquitecto mas a mim e presumo que a qualquer português. 
É assim que nos encontramos e talvez continuamos. As obras fazem-se com grande vigor e poder económico (ou não) e depois são dadas ao tempo como se ele as pedisse de volta. Devido a esta atitude temos uma cidade cheia de coisas belas ao mesmo tempo que transmitem desleixe com sabor a antigo, onde na verdade muitas delas não o são, de facto.
Até quando é que isto vai durar?
Até quando iremos ter uma cidade bonita mas com a telha a cair?

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