sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O estado da aldeia


É cada vez mais flagrante o abandono e o vazio que as aldeias portuguesas estão a viver nos dias de hoje. Estão a ficar sem jovens, sem vida, sem movimento. 
Longe do mundo que está para além da periferia da vivência, ou até da convivência, o povo vive o dia-a-dia sem preocupações, sem pressas (para quê?) e sem jovens.
As pessoas de fora começam a ser estranhas para a calçada gasta pelo tempo e pelo uso de outrora. Os velhos que ficam perguntam, com mais frequência, "quem é aquela(e) menina(o)?" "de quem é filha(o)?" expectantes por verem uma cara que lhes é nova, que lhes é fora do seu círculo de caras diárias.
A aldeia anda a ficar com menos caras novas e quando as vêem é por um curto espaço de tempo.  
Não querem saber porque não conhecem. 
Não gostam de estar cá porque não têm com quem conviver. Têm os dias vazios, tal como os velhotes da aldeia.
A cada Verão que passa, já não é cheio, já não é feito de amores e desamores, das primeiras festas, das primeiras saídas, da expectativa da próxima festa, das tardes de calor em excesso, das parvoíces de quem não tem nada para fazer, dos percursos longos de bicicleta, das canções que nos enchem a voz e o coração... Enfim, eternos momentos que ficaram para sempre no coração de quem os viveu, de quem os sentiu em pleno e por fim, de quem sabe o gosto de que é ter uma terra para viver as férias de Verão.

Sem comentários: