sábado, 31 de janeiro de 2009

Um quotidiano


Numa cave, fria, húmida, apenas alguns focos a iluminam, o gosto e o vício andam lado a lado. Histórias diversas, vindas de diferentes lugares se unem aqui por breves minutos.
Será mesmo gosto? Será vício?
Não se sabe.
A única coisa garantida é que todos os dias, por volta da mesma hora aqui se encontram as mesmas vivências, no mesmo contexto.
O tempo não passa, o único sinal que ele existe são os momentos em que se perde uma partida e se começa outra. É nesta altura que saltam emoções, boas ou más consoante o adversário, a atitude, o álcool. A substância que acompanha estes momentos onde a partilha e o conflito andam bem juntos.
Amigos? Aqui nem tanto. Lá fora, talvez.
Assim se constrói um quotidiano que preenche uma rotina diária.
(Fotografia: The Cave by CaterpillarOFAngst)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Uma partida com chegada incerta


"A hora da partida soa quando
As árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse."
Sophia de Mello Breyner Andresen

Um preparar inseguro e nervoso tenta controlar um entusiasmo
A alegria de ir é forte
A companhia anima e conforta.

Presenças queridas ficaram em terra
Importantes pelo que são.
Algumas pessoas, mil razões,
Assim partimos...

Uma partida pressupõe uma chegada
Onde? Não sei!
Quando? Também não sei!
A única certeza que temos é que partimos!

Um rumo certo marca o incerto do restante.
Um rumo com várias hipóteses de desviar,
Nenhuma delas de todo impossível,
Aqui vamos nós!

As indicações nos guiam, a estrada o nosso caminho.
A música controla as batidas do coração.
A fala pouco ensina
Porque todas sentimos de igual para igual.

Chegamos?

Vamos!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Melhor impossível







Emoções diversas, lugares inesperados, pessoas amigas e planos imediatos.
Assim se caracterizam estes quatro dias passados.
Uma primeira paragem em Tomar pensando inicialmente ser mais a Norte. Gente conhecida que cedo penetrou no nosso coração. Seres que nos ofereceram tudo que têm para nos sentirmos bem. Piadas e sorrisos animaram aquela sala cheia de móveis não muito modernos, pouco habitada mas muito acolhedora, perto de nossa casa.
Um pequeno-almoço reforçado para um dia com algumas horas de viagem. Toulões, a nossa próxima paragem.
Um desejo de conhecer, outro desejo de mostrar e relembrar cada cantinho vivido tão intensamente.
Um acordar mágico que irei recordar até a memória não me faltar. Olhares curiosos, vozes entusiasmadas marcam uma ansiedade surpreendente. Uma surpresa inesperada para um começo de dia em cheio, com muita animação, muita agitação e com muita amizade e muito amor.
Monsanto e Penha Garcia foram aldeias que nos receberam de braços abertos. Ambas ofereceram-nos uma viagem que só nós embarcamos. Uma mistura de culturas, com visões nossas, uma natureza incomparável, uma paisagem que nos fez abrir os pulmões e pensar: "Aqui vou ser feliz..."
Um sentido curioso levou-nos ao topo olhando ao nosso redor como um"até já".
"Não demoro, quero-te agora
Fica na porta, um volto já
Mal me conheces,
Mas não me esqueces
Chego mais cedo
Mas não posso ficar"
A música que sem dúvida marcou esta viagem.
Próximo destino: Castelo Branco.
Um olhar relembra tempos vividos não há muito tempo.
Sorrisos nos recebem, uma cama nos espera e uma generosidade grande nos conquista.
Um mundo se abriu para nos mostrar como é simples esta vida. Fomos até um restaurante onde me deliciei com a garrafeira, uma tasca típica de Portugal, e um café para assentar foi assim a noite dos meus anos.
Companhias que se juntam ao quarteto maravilha e dessa junção resulta uma noite animada, diferente e inesquecível.
Obrigada a vocês que tanto amo,
Obrigada às pessoas que viveram connosco esta aventura,
Obrigada às pessoas que, apesar de longe, estiveram perto.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Minha Vida...


"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar... "

Poema:Alberto Caeiro
Foto: Manuel Catarino

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Entendo


Sombras que representam muito mas que para outros não representam nada.
São momentos que desaparecem num instante mas que ficam para quem os viveu.
Formas sem jeitos dão vida à imaginação. Mas o que é?
Porquê?
Basta uma imagem que a nossa imaginação abre as assas e levanta voo. Leva-nos para mundos fundos, longínquos, para mundos antes escondidos.
É isto que acontece com esta fotografia. Entendo-a, sinto o seu simbolismo e agora agarro a sua energia... Calma!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Testemunho


Emoções, gestos, palavras que nos fazem pensar.
Numa cidade apaixonante, onde tudo aconteceu, sente-se com fervor.
Estávamos nós a subir a um miradouro, para ver Verona de cima, apareceu-nos esta declaração escrita no muro.
Depois dos cadeados que representavam o amor de um casal de namorados espalhados por toda a cidade, culmina-se com este testemunho.
Uma cidade inesperada pela sua história, uma cidade para nos derretermos pela sua harmonia, pela sedutora paisagem, pelo encantamento da língua falada.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Dorme criança


Entre quatro paredes, uma criança encontra-se encolhida sobre os seus pensamentos, sobre as suas lembranças.
Olha as suas mãos vivas cheias de história para contar, tem uns lábios sempre prontos a esboçar um sorriso e uns olhos atentos a um sentimento.
Sonha.
Sente-se como se tivesse terminado a construção de uma casa mas que, naquele momento, algo lhe impede de a aperfeiçoar.
Será que lhe faltou o cimento?
Será que lhe faltou os tijolos?
Ou será que os fornecedores esqueceram o seu contacto?
Não quer pensar em nenhuma destas hipóteses. Quer pensar que os materiais estão guardados e que os fornecedores estão mesmo a chegar até si.
Procura, procura e procura. Não os encontra.
Desespera.
No meio deste turbilhão, abre-se uma porta.
Um momento que a faz reflectir de que nem tudo está perdido, pois sempre pode ser ela a ligar-lhes.
Mas não quer, acredita que eles voltem a contactá-la.
Afinal de contas ela sente que algo mudou, esta criança perdida entre quatro paredes e com uma porta aberta, ainda não percebeu, ainda não conseguiu entender o caminho para essa força que a liberta desta prisão.
Uma prisão que condiciona o seu pensamento, a sua confiança, o seu movimento, o seu sorriso.
Encolhe-se ainda mais, guarda as suas mãos na mira dos seus olhos e junto à sua face e, adormece...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Já não se fabrica amor como antigamente


Pessoas que se conhecem, trocam olhares e sensações.
Vivem os primeiros momentos juntos e gostam. Repetem e voltam a repetir.
Sentimentos puros, intensos que nunca antes sentidos se envolvem.
Tudo isto vivido inesperadamente mas, com uma entrega e um alívio tal que ambos vivem cada minuto e cada segundo despidos.
O tempo passa, algo amadurece e cresce.
Filhos, família e o amor. Um amor não tão baseado na aparência mas sim no interior.
Apaixonados sempre por aquele indivíduo que decidimos passar todos os nossos dias. Uma paixão em mudança mas que se mantém sempre forte e segura.

Sós, recordam vivendo. Riem e olham-se como se fosse o primeiro olhar cruzado.
Uma vida em constante partilha que se celebra nas recordações e na família construída. A nossa família, fruto de um amor que vai para além da morte, um amor de respeito e humildade. Um amor com garra pronto a superar qualquer obstáculo.
Hoje não vejo esse sentimento que tanto inspira os compositores e poetas, que tanto sentido faz em existir, esse sentimento tão intensamente belo...
... Já não se fabrica amor como antigamente!
(Foto de Paulo Santos)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

E vamos a mais uma...

Não tenho relógio para ver as horas mas observo para além dos vidros da janela e sinto que já é tarde.
A mesa está desarrumada e a cabeça estoira.
Olho para o movimento das pessoas que estão junto a mim e fico parada. Tudo em mim pára no tempo.
Ao olhar, não penso, não me mexo e tudo fica. Apenas aqueles seres têm movimento e estão inseridos num tempo em mudança. Eu vou vendo.
No meio de momentos diversos e divertidos que nos fazem chorar, oiço Seu Jorge. O baloiçar dos acordes da viola entram em mim e aí ficam descansados batendo harmoniosamente.
Não quero estar aqui mas sinto-me bem.

São quase cinco da manhã.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Neblina


Naquelas noites sombrias, uma neblina é rasgada por um corpo pesado.
Mochila em punho e segue o seu rumo. Um rumo desconhecido onde os próprios passos apenas conhecem a calçada que pisam.
Ninguém testemunha o acto e o corpo continua a sua caminhada.
Chega por fim ao seu destino e nele caiem pesos. Pesos físicos? Também.
Pesos que lhe ocupam os membros, os sentimentos e a alma. Algo não lhe deixa relaxar e sentir a sua cabeça leve.
Ninguém está com ele naquele momento o que até sabe bem.
Acende um cigarro fumando-o de penalti. Enche um copo e bebe-o como quem saboreia a vida.
Senta-se, tira o casaco e abre o computador...

Dúvida!


Hoje será mais um dia ou menos um dia?


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Porque sonhar é bom
E eu sei que estou bem
Com os pés bem assentes,
Eu não sou de ninguém..."

Pede-se a quem souber o resto da letra que entre em contacto!
Agradecida

domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma noite a recordar!


Um rumo desconhecido
Pessoas que não nos conhecem
Alguém lhes falou
Bastou os instrumentos
Tinham a voz e a vontade
A estrada é a vossa primeira etapa.

Uma surpresa nos esperava
Diversos instrumentos davam cor
Uma música brilhante
Um momento que ficará guardado.

Alegria e olhares se tocam
Música que encanta a sala
Que sacia a nossa mente.

Algo nos aquece o corpo
Um copo, um olhar, amigos
Tudo ali transbordava de bem-estar.

Espero vê-los/ouvi-los em breve,
Quem sabe, amanhã?!

A vocês, rapazes...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Um sonho


Hoje sonhei contigo.
Por ter sido contigo é que escrevo estas linhas.
Um sonho que adivinhou o meu mais cruel desejo de te voltar a ver.
Ver o teu olhar sobre o meu, ver a tua lágrima oriunda do teu mais fundo azul, foi a coisa mais bela que alguma vez sonhei. Uma lágrima límpida, sincera e bela. Uma lágrima de sofrimento e arrependimento.
"Quero-te de volta"
"Perdoas-me?", dizias-me tu, a pegar em mim como nunca me tinhas pegado antes.
Senti-te verdadeiramente e, naquele momento tu, pela primeira vez, sentiste-me sem qualquer disfarce, sem qualquer mentira.
Depois... Algo nos separou, pessoas...
Muita confusão, muitos gritos, não consegui decifrar.
Quando acordei... apenas recordei aquele olhar profundo, um azul que fazia lembrar o mar.
Relembro com pena de não voltar a ver os teus olhos e sentir os teus abraços. Pois, a lágrima não caiu, o olhar não foi dado e o abraço não foi sentido.
Tudo não passou de um sonho!

(foto de F. Monteiro)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Hoje não!


Hoje não vou escrever!!

Hoje vou fechar-me em casa, não vou olhar para ninguém, não vou saber o que se passa à minha volta e não vou saber de mim!
Isolada!!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mais 40 anos..


No Domingo passado vi uma reportagem que me fez pensar no futuro.
Como serei quando tiver 60 anos?
Como estará o mundo nessa altura?
Como estará a minha vida?
Gostarei de mim quando tiver 60 anos?
Serei uma cota a fazer inveja a muitas de 40 anos?
Filhos! Terei?
As amizades, vão-se manter?
Casada? Viúva? Solteira?
Serei feliz?
Como estará a economia mundial?
Haverá mais ou menos desempregados?
Évora continuará a ser património mundial?
Como será a minha visão da vida e do mundo?
A Guerra e a fome terão terminado?
O petróleo ainda se usará, ou tudo girará à volta das energias eólicas?
Cristiano Ronaldo é recordado?
As páginas electrónicas darão definitivamente ligar ao papel?
Como estará o ensino?

Depois de escutar vários testemunhos de senhores e senhoras entre os 60 e os 85 anos, encontrei algo em comum nos seus discursos, algo que hoje se sente muito e que faz temer muita gente: a fuga da solidão. Por outro lado não desgostei de um outro pensamento, neste caso sentimento, que todos eles transmitiram: a busca de encontrar um sentimento de tranquilidade para que assim vivam o dia/momento e não o futuro.
Por isso, voltemos aos meus 21 anos, onde a minha vida é agitada, onde sou feliz, tenho amigos, ainda não constituí família mas vivo dentro de uma, tenho planos para o futuro, o ensino actual nem sequer merece espaço no meu blog e onde, no meio de tudo isto, a economia mundial se encontra num verdadeiro caos!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Estranho...


Hoje pela primeira vez em três anos custou-me voltar a Évora!
Não sei muito bem explicar, algo em mim se manifestou negativamente com esta realidade.
Provavelmente será devido à alta pressão que por aí vem. Talvez!
Hoje queria ficar em Lisboa!
Com este pensamento adormeci no autocarro acordando só em Évora.
À medida que me aproximava de casa, o sentimento de regressar ia-se tornando menor, apesar disso e, devido a isso, tudo me parecia estranho. Desde as pessoas, passando pelas ruas e pelo ambiente encontrado.
Para complementar este meu confuso pensar, quando me encontrava no quarto, olho para o meu baldinho da fruta e, algo de errado se passa ali: o meu único dióspiro desaparecera!
Alguém sabe dele?
Ele é pequeno, vermelho forte com umas folhinhas verde-pálido em cima e já deve estar pronto a ser consumido.
Bela recompensa a quem o devolver!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Olhares

Olhares ingénuos
Olhares sábios
Olhares sinceros
Olhares humildes.

Transmissores de alegrias
Transmissores de tristezas
Transmissores de esperança
Transmissores de sentimentos.

Não há algo mais puro que um olhar
Um olhar vindo da alma
Que nos olha e nos despe
Despe por completo
Despe até nos sentirmos mal
Não connosco próprio
Mas sim, com o que nos rodeia
Sentimo-nos invadidos por aquele
Olhar
Nada mais excessivo que
Um olhar
Que nos contempla
E que observa
Observa tudo:
Os movimentos
A Natureza
O tempo
As rugas
O amor!
Transmite-nos e ampara-nos

Um olhar...vale mais que 1001 palavras!

(foto de Fernando Leão)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009 a cantar

Nada melhor que começar o novo ano a afinar as vozes!

Toda a Cantar

Bom ano a todos!