Quando eu era pequenina a minha vizinha de baixo tinha um cão. Este era feio, pequeno e muito mau humorado. Não lidava com ele mas quando se metia no meu caminho a coisa piorava pois tinha que ir devagarinho para não o irritar e assim conseguir passar.
Aproximadamente há 14 anos atrás, os meus vizinhos do lado apareceram com um cachorro que na altura cabia numa só mão.
A delícia dos nossos dias. Eu e os meus vizinhos brincávamos com a cadela, de nome Nika, passávamos dias a rir-nos das suas figuras, íamos passear, dávamos-lhe comida...
Dizíamos para sentar ela sentava, dizíamos para deitar e ela fazia-o. Adorava-nos e nós a ela.
Dois anos mais tarde apareceu a Dara, a outra cadela que, ao contrário da primeira fazia pouca coisa que prestasse. Ruía as roupas e mobílias, comia tudo o que lhe parecia à frente... era uma cadela que devia um pouco à inteligência.
Os tempos foram passando, de vez em quando lá as via a vir da rua, abria-lhe a porta para entrar, outras vezes simplesmente andavam por ali, sempre eram uma recepção a casa feita de alegria.
Entretanto mudei de casa e com isso a separação foi uma realidade.
Hoje, voltei a vê-las. A Dara está ainda uma jovem cadela, a Nika não podemos dizer o mesmo.
Mal chegámos reconheceu-nos, ladrou esperando que fossemos dar uma festa. De uma cadela com vida e de muita agitação, fomos encontrar um animal com falta de vista, surda, com metade de uma orelha que, devido a uma infecção lhe foi cortada, e onde a sua capacidade para se levantar depois de se sentar é nula. Anda, mas com alguma descoordenação.
A cadela que me fez deixar de ter medo de cães, encontrei-a hoje no seu pleno estado de velhice.
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Dara |
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Nika |