sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ai esta emigração, ai esta emigração


Nos últimos anos foi grande o fluxo dos jovens, e não só, que decidiram deixar o seu país e emigrar, na esperança de encontrar um futuro mais risonho. Infelizmente é uma realidade que ainda nos assiste o que trás ao país graves problemas de sustentabilidade (mas isso é outra história).
Quanto trabalhava em Castelo Branco e atendia ao público, houve uma cliente em particular que me chamou a atenção. Não por ser particularmente feia ou bonita, alta ou baixa, bem ou mal constituída. Era uma cliente habitual (segundo a minha colega de trabalho) e devia ter de idade os seus cinquenta e poucos anos. Chegou à loja e queria levar tudo em embalagens pequeninas. Shampoo, amaciador, gel de duche, laca para o cabelo... Tudo em embalagens pequenas. Ora, é do nosso quotidiano que temos conhecimento que as embalagens mais pequenas são, na sua maioria, mais caras que as de grande formato. Perante esta aquisição, a minha colega de trabalho, que tinha mais confiança com a senhora, perguntou-lhe porque não optava pelos produtos grandes. Sem grandes rodeios e com alguma tristeza na voz, informou-nos que iria emigrar, que em Portugal não arranjava trabalho. E eu que pensava (e ainda continuo a achar) que, uma pessoa quando chega à casa dos cinquenta anos, começa a querer e a desejar-se por "sopas e descanso" do que propriamente andar em aventuras e mudanças de casas e de vida. Com aquela idade, já se quer brincar com os netos e cuidar do lar. 
Jovem que eu sou, e com tantos jovens a emigrar, claro que tenho amigos meus longe do seu país. E uns para bem longe. 
Penso que esta questão da emigração é algo extremamente violento para o ser humano. Para quem vai, está a ir para um país desconhecido, com uma cultura que não os identifica, sentir outro cheiro, ver outros hábitos e, para juntar a esta soma, falta ainda acrescentar que, mesmo indo com algumas condições, não deixam de ser estrangeiros. Para quem fica, fica o espaço vazio, os cafés por tomar, as recordações dos lugares. 
As músicas ouvidas, sendo em alguns momentos as mesmas de outrora, dão aquele aperto no coração, aumentando a saudade de forma repentina. Essas mesmas músicas, transportam-nos para uma realidade que deixou de existir neste momento. Transportam-nos para os momentos vividos, para a cumplicidade, para o sorriso, para algo que foi bom e que neste momento está longe.
Para além das saudades que apertam, é sempre bom saber que, quem está fora, dentro do possível, está bem. Isso, para mim, é o mais importante. Quanto às saudades, tentam-se esmagar dia após dia, e aniquilar quando houver um vinda, ou uma ida. :)

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